sexta-feira, 31 de março de 2017

A História por meio dos Túmulos: uma visita ao "Cemitério Velho"

(Figura 01)
Faz parte da cultura do povo brasileiro ir aos cemitérios, sejam estes públicos ou privados, pelo menos uma vez no ano, especificamente no dia 02 de novembro, o "Dia de Finados". Nesta data os familiares se reúnem para visitar os túmulos dos parentes falecidos e ao mesmo tempo relembrar os momentos vividos com os entes queridos. 

O dia de finados é, sem sombra de dúvidas, o mais movimentado de qualquer cemitério. Flores coloridas, velas de todas cores e tipos, além de realizações de pequenas reformas e reparos são encontradas neste dia único. Uma verdadeira comunhão de costumes e crenças. 

Entretanto, o Jornal da Vila Praieira foi até o Cemitério Público de Touros para realizar uma pesquisa que pode ser considerada "curiosa" para uns e um tanto quanto "assombrosa", para outros. 

Quais informações os túmulos existentes nos cemitérios podem possibilitar para o entendimento histórico e cultural de um povo? O que se esconde por trás dos "temidos" muros de um cemitério? Será possível estudar e compreender a história de uma sociedade por meio dos jazigos? Foram estas perguntas que possibilitaram a "coragem" e "necessidade" de entrar em um "terreno dos mortos" para trazer alguns informações que podem ajudar-nos a compreender um pouco sobre a forma que os nossos conterrâneos de outrora viviam. 

Quem entra no "Cemitério Velho" da cidade nos dias atuais pode ver em sua última fileira um jazigo único no local. O referido túmulo é demonstrado na Figura 01. Sua estrutura é única e inconfundível. No entanto, a placa de mármore, que pode ser vista na Figura 02, ainda existente na parte central do jazigo revela uma grande informação. Na parte superior da placa encontra-se desenhado uma interessante cruz com uma base e abaixo da cruz pode-se observar as seguintes informações:

"JOSINO (???) FURTADO
MENDONÇA E MENEZES
* 9 DE ABRIL DE 1871
+ 3(31?) DE DEZEMBRO DE 1929
SAUDADE DE SUA ESPOSA E FILHOS


(Figura 02)
Na Figura 03, apesar do descaso ser notável, é possível encontrar um pouco de informação histórica que tem muito a nos dizer sobre as práticas dos tourenses que viveram em tempos totalmente diferentes dos nossos. Em meio aos matos que crescem constantemente, e próximo ao muro lateral do cemitério, encontra-se em total abandono um túmulo feito de pedras do "tourinho". 

(Figura 03)

A pergunta que pode ser feita é a seguinte: será que esta prática de construir túmulos com as pedras do monumento natural à beira mar era natural e comum entre os moradores da antiga vila? 

Quantos túmulos foram feitos com este tipo de pedra? Quem poderia fazer? Os mais abastados? Ou os mais pobres? Até quando esta prática fora realizada? 

São muitos questionamentos que um simples olhar, para um túmulo aparentemente desprezível e "destruído", pode proporcionar. A riqueza de informações presente neste pequeno túmulo é inquestionável. 



Por fim, um dos túmulos mais famosos que pode ser encontrado no cemitério velho de Touros é o do ex-prefeito da cidade: o memorável José Américo de Souza Grilo. Como é possível observar na Figura 04 o túmulo se encontra em um invejável nível de conservação e preservação, comparado com os demais túmulos do cemitério. Um verdadeiro zelo, digno de guardar os restos mortais de um homem que governou nossa cidade durante os anos de 1962-67.  

(Figura 04)

Enfim, as informações disponíveis em nossos cemitérios podem nos ajudar a compreender diversos aspectos (sociais;culturais e históricos) que foram desenvolvidos por parte de nossos antepassados. A história de nossos conterrâneos também pode ser encontrada em lugares onde menos esperamos, em um cemitério. A busca pelo conhecimento não pode ser interrompida por nenhum tipo de barreira, nem mesmo a dos muros de um cemitério. 

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