quinta-feira, 21 de abril de 2016

TOUROS DO PASSADO; PRESENTE E FUTURO?

(Fachada da Escola Estadual Cel. Antonio do Lago)
É quase que um senso comum quando se fala da importância da cidade de Touros, não apenas para a história do Rio Grande do Norte, mas, e também, para a história do Brasil. Quase nunca é questionável tal importância. Entretanto, o que realmente acontece na antiga vila de pescadores nos dias de hoje? Existe algum tipo de valorização dos patrimônios e monumentos históricos do município? Há algum projeto de revitalização e preservação urbanística? Discutiremos essas e outras questões no decorrer dessa matéria. 


O começo:

A chegada dos portugueses no Litoral Nordestino remonta justamente a data oficial do descobrimento da Terra Brasílis,no início do século XVI. Entretanto, se faz necessário mencionar que bem antes dos navegadores portugueses já temos relatos de outros povos que navegaram em nossos litorais. Um dos monumentos que materializa esse fato é o famoso, e polêmico, Marco de Touros.

Passado o Século XVI, entramos nos seiscentos e lá está novamente latente a importância do Porto dos Toiros no cenário Colonial. Presença nos embates entre a Coroa Portuguesa contra a dominação Holandesa no nordeste. Esse acontecimento ficou marcado nas terras tourenses com o desembarque de Luiz Barbalho, e suas tropas, onde deixaram os famosos Canhões Coloniais.

Já no Século XVIII, com o deslocamento dos sertanejos, devido a grande seca, para o litoral, vimos um processo crescente de povoamento na Vila do Bom Jesus do Navegantes. Mais uma vez, o acontecimento fica evidenciado com a construção da Matriz do Bom Jesus. na segunda metade dos setecentos, sendo concluída em 1800.

(Vista da parte de trás da Igreja Setecentista)
Os anos de 1800:

Com  a proclamação da Independência, em 1822, o então Império do Brasil ganha mais autonomia sobre seus territórios, fato comprovado por meio da criação da Vila de Touros em 27 de março de 1835 pelo Presidente da Província do Rio Grande do Norte, em 1835. Isso ficará materializado, nas terras dos pescadores, 100 anos depois, quando o então prefeito de Touros, José Porto Filho, idealizou e implantou um marco comemorativo aos 100 anos de emancipação política em frente a antiga Prefeitura do município, hoje o monumento fica em frente a Loja Adriano Móveis.  



(Casarão que insiste em sobreviver no  Centro Histórico)
O século XX:

Logo nas primeiras décadas dos 1900 a cidade de Touros já demonstrara sua importância quando os aviadores Italianos realizaram um voo sem escala de Roma a Touros. Tem-se, ainda, a participação dos Tourenses na 2 ª Guerra Mundial, fato este pouco conhecido entre os próprios moradores. Lembranças de antigos moradores nos mostram que a vila foi ocupada durante o período da Grande Guerra, pelos soldados brasileiros, com rondas diárias em todo o litoral.

Ainda no referido século, houve a construção da Escola Estadual Cel. Antonio do Lago, precursora na região. Dentre tantos outros avanços que ocorreram neste século, podemos citar a presença das Irmãs Franciscanas na Cidade, bem como os avanços sociais trazidos por elas como a Banda de Música; Apae, etc.



(Vista da parte frontal da Igreja colonial datada de 1800) 
A cidade de Touros no XXI:

Com a chegada do novo milênio, a cidade se encontrava não muito diferente dos dias atuais, entretanto, se pensarmos em relação aos nossos monumentos e patrimônios históricos, vemos uma grande perda destes que ficaram para trás juntamente com suas histórias, podemos citar dois aqui: a Antiga Prefeitura, que foi demolida, e a antiga jangadinha, que ficava ao lado da atual prefeitura, também destruída. 

O que se torna mais preocupante é o fato de saber que essas demolições, na maioria das vezes, foram realizadas a mando do poder público municipal. Ora, não caberia a estes o dever de preservar os nossos monumentos? Pois é, em nosso município aconteceu e acontece assim. Uma triste exceção que existe na nossa antiga vila. Seria possível um dia sonhar com uma cidade Histórica e Turística? 

Não cabe aqui realizar acusações e críticas aos nossos governantes, tanto do passado quanto do presente. Penso que o caminho seja conscientização da população, principalmente das crianças ( os adultos de amanhã). Nossos políticos nada mais são do que o reflexo de nossa sociedade, pois foram os próprios cidadãos que os elegeram.

Enquanto dedicarmos nosso tempo a essas atitudes pouca coisa será modificada. Nosso Centro Histórico pede socorro. Temos um curso de Turismo na cidade, fico imaginando quantas pesquisas poderiam ser desenvolvidas sobre nossas riquezas, não apenas naturais, mas, e principalmente, culturais.

Nas ruas em que outrora caminhava e cantava, sob as noites de luar, Pereira e Porto Filho, dentre tantos outros que os acompanhavam, hoje vemos carros de sons e paredões, motos barulhentas. Nas ruas da Vila de Antigamente, onde fora iluminada pelos lampiões de gás, hoje vemos muitas vezes postes apagados e/ou desativados.  


Touros do Futuro:

(Placa existente na antiga Rua do Campim, a mais antiga do cidade)
A crítica é fundamental, mas, ela só, se torna insuficiente. As possíveis soluções para o resgate desses patrimônios e da própria memória do povo seriam basicamente dois: o primeiro, a idealização de um turismo cultural (fins econômicos) e o segundo, implementação de uma consciência geral de preservação entre os moradores, principalmente nossas crianças (fins culturais).  

Enquanto o futuro não vem, continuamos aqui, lutando e batalhando por um bem comum e de sobrevivência da memória de um povo, de uma sociedade, enfim, de uma história. 



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