quinta-feira, 6 de julho de 2017

O município de Touros no início da década de 1960



A presente publicação tem como objetivo principal transcrever pequenos fragmentos textuais, pertencentes à Revista Brasileira de Geografia (1962), que relatam informações sociais e econômicas da sociedade tourense do início dos anos 1960. Além dessas informações, constam ainda uma figura (mapa) e uma fotografia da cidade feitas na época da pesquisa. Boa Leitura!!!


"Touros é o principal aglomerado litorâneo, porque exerce também a função de sede do município. No censo de 1960, possuía 1800 habitantes, aproximadamente. [...] As terras onde está o centro de Touros formam uma ilha, que é patrimônio religioso. As casas da cidade pagam fôro à igreja (quando não querem não pagam)". 


(Croqui funcional de Touros)


"A rua principal de Touros é uma via larga (ver fotografia abaixo), paralela à praia, ligando o cemitério à capela. Esta fica dentro de uma praça e data de 1800. A maioria da população urbana é constituída de pescadores. As ruas não tem calçamento. Não há encanamento de água, nem de esgoto, por isso os poços estão, na maior parte, poluídos. Sua água é salobra. A água utilizada no posto médico para beber vem de uma nascente junto a um riacho que é um foco de esquistossomose. É trazida em latas. A iluminação das ruas e das casas é fornecida por uma pequena usina termelétrica, que cessa de funcionar às 10 horas da noite". 

"O comércio de Touros é muito precário: tem 3 ou 4 mercearias que vendem feijão, arroz, charque, goiabada, macarrão, mas a mercadoria principal é a aguardente, servida em copos. O velho mercado estava na praça da igreja, mas foi derrubado e substituído por outro, mais longe. O mercado atual é uma construção pequena, porém já excessivamente grande para o comercio que nele se faz. Abriga duas mercearias, um botequim, um barbeiro, um box de peixe e um de carne quase sempre vazio. Um ambulante expõe à venda quatro cestas, contendo respectivamente, tomate, pimentão, batata-doce e mangas".

"Só há carne uma vez por semana, quando há. Matam um boi só, aos sábados, e é comum sobrar carne. O pequeno consumo de carne resulta não só da miséria generalizada, mas também hábito da população caiçara alimentar-se basicamente de peixe, farinha e feijão-fava"



Avenida Senador José Bernardo (atual Av. Pref. José Américo), rua principal de Touros, paralela à praia,
vista do alto da igreja. No fundo, coqueirais. (Foto: Orlando Valverde, 27 - 1 - 1961)



Fonte: REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Ano XXIV, Janeiro - Março de 1962, Nº 1.

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